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Encontro Fora da Caixa debate o país e o mundo a partir do Funchal

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O Encontro Fora da Caixa chegou ao Funchal para debater os desafios do novo ciclo político e económico em Portugal, na Europa e no Mundo. Na intervenção de abertura, o presidente do Governo Regional da Madeira insistiu na necessidade de se fazerem alterações na Lei das Finanças Regionais que estabelece a relação entre o Estado central e as ilhas.

Miguel Albuquerque indicou que a Madeira “tem um crescimento continuado há 48 meses consecutivos”, tendo crescido entre 2023 e 2025 3,2% acima da média nacional. O líder regional denuncia que a Região Autónoma da Madeira é prejudicada no Fundo de Coesão por causa da atual lei em vigor, mesmo tendo bons resultados económicos. “O mais injusto é penalizar no Fundo de Coesão quem tem sucesso no crescimento”, disse Albuquerque na sua intervenção no Encontro organizado pela Caixa Geral de Depósitos.

Uma era de incerteza

Seguiu-se Paulo Macedo, a expor os impactos de uma “era de incerteza” que nasceu com a administração Trump. As pressões inflacionistas estão a abrandar a descida das taxas de juro, avisa o líder do banco público que encontra um paradoxo nos bolsos das famílias. Há escassez de oferta de habitação e um crescimento “muito significativo” do crédito à habitação.

O Presidente da Caixa Geral de Depósitos admite mais descidas das taxas de juro mas em dimensão menor face ao previsto. A culpa é da pressão que as tarifas e outros fatores de mercado exercem sobre o valor do dinheiro.

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Paulo Macedo acredita que a guerra tarifária irá sempre deixar algum impacto. ” Há um défice americano que vai ter que ser pago. As tarifas e que isso prejudicam o crescimento mundial e, em última instância, os consumidores”.

Paulo Macedo. "As taxas de juro vão descer menos que o previsto"

Conversa de Eleição sobre imigração, presidenciais e saúde

Nesta parceria com a Caixa Geral de Depósitos, a Renascença levou ao Funchal o painel que compõe o programa “Conversa de Eleição”. Fernando Medina e Miguel Poiares Maduro debateram a atualidade nacional num debate moderado por Filipa Ribeiro.

O antigo ministro das Finanças não revela se irá ou não apoiar uma eventual candidatura de Santos Silva e defende que José Luís Carneiro deve esperar pelo final das autárquicas para decidir se o PS avança com o apoio a algum candidato. Miguel Poiares Maduro acredita que uma candidatura do ex-Presidente da Assembleia da República vai “facilitar” a vida ao líder do PS.

Comentando as medidas anunciadas para a Imigração, Medina considera que o Governo cometeu um “erro” com as novas regras para a imigração e acusa o Governo de “alimentar” o discurso anti-imigração aproximando-se do Chega. Já Miguel Poiares Maduro considera que há opções que foram “longe demais”.

No plano económico, o antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, afirma que não teria tomado, nesta altura, a iniciativa de reduzir as taxas de IRS. “Não a teria feito nesta altura, nem nesta dimensão”, afirma Medina, defendendo que apesar de não serem significativas as reduções propostas pelo Governo, teria aguardado para avaliar a evolução económica.

Noutro plano, dias depois de conhecido um novo relatório da IGAS sobre uma das mortes no dia de greve do INEM, Miguel Poiares Maduro considera que a informação para já conhecida não justifica que haja uma consequência política. Já Fernando Medina volta a acusar a atual ministra da Saúde de “incompetência” e a defender que Ana Paula Martins “já não deveria estar no cargo”.

O mundo, segundo Raquel Vaz Pinto

Num olhar global sobre o Mundo, a Europa e Portugal, Raquel Vaz Pinto analisou os desafios mundiais e regionais em 2025, numa conversa com José Pedro Frazão. “Nós não prestamos atenção suficiente ao que acontece na China”, começou por denunciar a professora da Universidade Nova de Lisboa.

“O nosso mundo está infelizmente a morrer e virá uma nova qualquer coisa a seguir. O quê? não sabemos, tenho cada vez mais dúvidas e menos certezas face àquilo que vou analisando todos os dias”, reconheceu Vaz Pinto no Encontro Fora da Caixa.

A investigadora na área das relações internacionais considera que a China regressa a um lugar onde esteve durante séculos, defendendo um conjunto de políticas ” que lhe permitam manter a supremacia naquilo que a China considera ser a sua ‘esfera de influência”.

Sobre os Estados Unidos, a professora defende que o que é novo é ” não entender a democracia liberal, ou o chamado ‘soft power’, a ideia dos valores e do exemplo”. Para Raquel Vaz Pinto, a forma como Donald Trump olha para o mundo é “pré-1945, se não mesmo do final do século XIX” onde a ameaça de coerção é muito mais importante.

Medina critica redução no IRS: "Não a teria feito nesta altura"

No plano europeu, Raquel Vaz Pinto critica a tese de Espanha de que não é possível investir mais em defesa por causa do Estado Social. ” Isto é uma falácia em termos pedagógicos e políticos e daquilo que pode ser esta nova fase das nossas vidas”, alertou no Encontro Fora da Caixa na Madeira.

A investigadora chamou a atenção para a necessidade de fiscalizar o mar português e os seus recursos. ” Nós não conseguimos fazer isto se não introduzirmos a ideia das indústrias de defesa, mas também uma compreensão abrangente aquilo que nos torna, a nós portugueses, diferentes e especiais. O mar que nós temos é um trunfo que tem que ser aproveitado para ser um trunfo português no contexto europeu”, argumentou na sua conversa com José Pedro Frazão.

Empresas locais e desafios globais

Num painel sobre perspetivas empresariais, André Caldeira, administrador do grupo PortoBay e Carolina Catanho da Silva, administradora e CFO do Grupo Sousa, abordaram os riscos e oportunidades do novo ciclo económico.

Carolina Catanho de Sousa lembrou que a instabilidade económica é o principal fator que trava o investimento, sublinhando o preço do petróleo como um dos primeiros riscos para a operação dos agentes económicos.

” Há um efeito direto do aumento do petróleo, mas um indireto, que tem a ver com uma eventual recessão. O turismo, que tem tanto beneficiado a economia aqui na região com um clima de crescimento, pode ser posto em causa”, afirmou no Encontro Fora da Caixa no Funchal.

Para André Caldeira, do Grupo PortoBay, a pandemia “não foi um teste de stress, mas um teste nuclear” que acabou por trazer “enormes benefícios” à Madeira. “Conseguimos ir buscar novos mercados, éramos o único destino que estava aberto e, portanto, conseguimos atrair esses novos clientes. E com isso veio uma série de outras coisas”.

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Para este responsável hoteleiro, os dados do primeiro semestre apontam 2025 como “um ano bom”. Alguns fatores de instabilidade “podem até ser benéficos” para o destino Madeira, reconhece André Caldeira, para quem o abrandamento da economia europeia “é algo que preocupa, porque o grande grosso dos clientes da Madeira vem do mercado europeu, principalmente os mercados britânico, alemão e francês”.

Armando Santos, diretor de marketing e empresas da Caixa Geral de Depósitos, sublinhou que a fileira do turismo na Madeira e tem conseguido se manter-se como um destino “de referência, consolidado e seguro”. Este responsável do banco público lembrou ainda o segmento agrícola da região autónoma, “com um conjunto de produções tradicionais de produtos de vocação exportadora de valor acrescentado como é o caso do vinho da Madeira e da banana da Madeira, “com alguns desafios de fragmentação da propriedade e desafio tecnológico”.

Na sua intervenção acentuou ainda o peso da construção imobiliária, um setor que “com bastante dinamismo do investimento estrangeiro” e o fato de a habitação turística colocar também “alguns desafios de preço e equilíbrios na oferta de habitação”. Como quarto pilar da economia madeirense, Armando Santos identificou ainda “o motor do investimento público”.

“E o que é que estes setores têm em comum? Serem setores com ciclos produtivos muito longos e portanto é inevitável a correlação com o financiamento de longo prazo que permite à empresa fazer um outro tipo de previsão dos seus fluxos de caixa”, explicou o gestor da CGD.


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