
Bloco de Esquerda. Pedro Soares participa em debate de movimento que admite lançar novo partido
O bloquista Pedro Soares, ex-deputado e um dos rostos da oposição interna do BE, vai participar no domingo no fórum de um movimento cívico que admite vir a criar um novo partido e quer “dinamizar o debate” à esquerda.
Em causa está um manifesto intitulado “Por um Portugal livre, justo e solidário” que será discutido este domingo num fórum em Lisboa e foi subscrito inicialmente por cerca de 80 personalidades, entre as quais o ex-dirigente do BE e capitão de Abril Mário Tomé, a antiga secretária de Estado e deputada do PS Ana Benavente, o antigo deputado da UDP Afonso Dias e a vereadora independente da Câmara Municipal de Lisboa Paula Marques.
Questionado pela Lusa sobre se está a ponderar abandonar o Bloco de Esquerda, Pedro Soares, que ainda integra a Mesa Nacional bloquista, respondeu que não está a ponderar sair do partido.
O bloquista salientou que no domingo os subscritores deste manifesto “decidirão o que fazer e como fazer”, na sessão que decorrerá no Centro Cultural de Carnide, Lisboa, entre as 11:00 e as 17:30.
“O debate no fórum do próximo domingo poderá determinar o futuro do movimento e caberá aos seus membros definir o caminho a tomar”, afirmou, acrescentando que “nenhuma possibilidade estará fora do horizonte quando se inicia um debate sobre novos caminhos para a esquerda”, mas que não tem nenhuma informação sobre a criação de um novo partido.
Também à Lusa, Pedro Soares já tinha avançado que os subscritores da antiga moção “E”, que durante vários anos representaram a oposição interna e ainda integram alguns órgãos nacionais, vão manter a decisão de não apresentar uma moção à próxima convenção de novembro.
Em comunicado, Pedro Soares considera que não se pode “baixar os braços perante a crise que cada vez mais dificulta à maioria das pessoas uma vida digna, da saúde à habitação, dos salários à precariedade, do custo de vida às desigualdades e discriminações, com a gravidade acrescida de um Governo que quer cobrir a agenda da extrema-direita”.
Na ótica do bloquista, “o primeiro passo a dar é debater de forma alargada, sem demoras nem hesitações, o percurso” que trouxe a esquerda à atual situação “e procurar conjuntamente encontrar novos caminhos e novas respostas”, considerando que “a esquerda ainda não conseguiu dar esse passo”.
“Tenho a profunda convicção, que me é dada por muitos anos de partilha com a vida real do quotidiano, da fábrica à universidade, passando pelo forte envolvimento na luta partidária, autárquica e parlamentar, que a chave está em recuperar a política combativa, com agenda própria, que recusa ficar atrelada ao discurso do ódio e que se apresenta como alternativa ao individualismo, ao sectarismo e ao abandono”, argumentou.
Em declarações à agência Lusa na quarta-feira, Pedro Teixeira, investigador em ciência política e um dos subscritores do manifesto, defendeu que é crucial “dinamizar o debate público” à esquerda num contexto de crescimento da extrema-direita e com um Governo da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP).
Sobre se este movimento admite, a longo prazo, vir a formar um novo partido político, Pedro Teixeira que esse é “um dos horizontes” que os subscritores têm em mente, mas ressalvou que isso ainda tem de ser decidido, sendo o objetivo mínimo inicial “influenciar o debate político”.
O investigador salientou que, apesar de os subscritores partilharem o diagnóstico feito pelos partidos de esquerda, designadamente a ideia de que é necessário aumentar os salários perante o custo de vida, consideram que essas forças políticas “têm estado demasiado centradas em políticas e medidas avulsas”.
Pedro Teixeira defendeu que é preciso falar mais do “baixíssimo nível de investimento público” em Portugal, que considerou ser “bastante prejudicial” para a economia e para o bem-estar social”, assim como do “excessivo peso do turismo na economia”.
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