
Não é a “cadeira de sonho”, mas Brilhante Dias admite ser líder parlamentar e coloca Medina e Vieira da Silva na direção de Carneiro
Mas o PS também pode dar um sinal, não é?
Não tomo decisões sozinho. Cada coisa no seu tempo. Temos um momento muito importante agora com a Comissão Nacional e depois teremos momentos posteriores. E devo dizer que, na minha opinião, temos de ser democratas e ter uma leitura clara sobre o processo eleitoral que terminará com o escrutínio dos votos dos portugueses que vivem no estrangeiro. Houve um processo de negociação e de conversa para o Orçamento do Estado de 2025 sobre diferentes temas. Luís Montenegro entregou a proposta de Orçamento de 2025 sem acordo do PS, entendeu fechar esse processo à revelia de qualquer entendimento com o PS. Por isso digo que cabe ao Governo criar as condições de governabilidade, numa leitura dos resultados eleitorais, em que aquilo que se pede ao Dr. Luís Montenegro é que escolha dialogar com os democratas e não com o partido que tem propostas antissistema democrático.
Em relação à eleição do presidente do Parlamento, que é algo um pouco mais imediato, o PS pode concertar-se de novo com a AD ou a AD tem de arranjar a sua própria solução?
Da última vez que esse processo ocorreu, eu ainda era líder parlamentar e devo dizer que aquilo que correu profundamente mal foi uma visão arrogante da AD, que entendeu apresentar o nome sem a mínima concertação.
E agora?
O que se pede, mais uma vez, e eu penso que é o primeiro passo também para um diálogo, é que quem propõe o candidato a presidente da Assembleia da República deve encetar, na minha opinião, os passos que devem ser dados para podermos eleger um presidente ou uma presidente da Assembleia da República.
Há essa disponibilidade para conversar?
A força mais votada, não tendo maioria, deve dialogar com as forças políticas que estão no Parlamento. Aliás, sem exclusões, porque parece-me talvez pouco inteligente, querer governar como se se tivesse uma maioria absoluta, quando, de facto, no Parlamento não tem uma maioria absoluta.
Podemos ter, de novo, o Eurico Brilhante Dias como líder parlamentar do PS?
Lembro-me sempre do André Villas-Boas [antigo treinador e atual presidente do Futebol Clube do Porto], que dizia que tinha uma cadeira de sonho. Ser presidente do grupo parlamentar não é a minha cadeira de sonho, não tenho essa perspetiva. Já fui líder parlamentar num período muito concreto da vida do país, gostei do que fiz, acho que fui eficaz e tive o reconhecimento dos secretários-gerais do PS com quem trabalhei.
Estou disponível para servir o partido, isso é um lugar-comum que se diz nestas circunstâncias. O partido tem outros deputados e deputadas a quem eu reconheço competência e capacidade para ser líder parlamentar. Não estou a dizer que isso não vai acontecer, porque isso depende também da escolha do secretário-geral e depende depois da escolha também dos deputados. Mas não vou colocar uma circunstância dessas, um cenário destes.
Está disponível, mas…
Quer dizer, quem vive nesta vida, dizer assim, “jamais”, “nunca”, isso seria tonto da minha parte.
Seria um bom sinal que fosse escolhida, por exemplo, Mariana Vieira da Silva?
É uma escolha do secretário-geral. A Mariana é um dos nossos melhores quadros. É, seguramente, das pessoas mais competentes que conheci no Governo. Tem uma enormíssima capacidade de análise, fizemos muito bem combate político na área da Saúde no Parlamento nesta última legislatura e a Mariana Vieira da Silva é um dos quadros mais qualificados do partido e tenho a certeza que contará para o futuro próximo.
Esse era um sinal que podia ser dado?
Há outras personalidades e eu penso que nós não devemos fechar-nos em soluções únicas. O grupo parlamentar do PS tem, neste momento, 58 deputados eleitos, esperemos que tenha mais. E, dentro dos 58, há gente com muita experiência e capacidade de poder ser líder parlamentar também.
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