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“Aqui não passou Cristo”. Os locais onde a campanha não vai

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António Abrantes, de 54 anos, está há nove atrás do balcão do Ponto de Encontro, atualmente o único café da aldeia. Os líderes que vê na televisão nunca ali passaram.

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“Eles só querem os grandes centros, que é onde vão buscar a maior parte dos votos. E não se lembram dos pequenos. Aqui não há trabalho, não há transportes públicos”, denuncia.

Nenhum dos principais líderes partidários passou pelo Ponto de Encontro, o café onde se reúne diariamente uma população de cerca de 200 habitantes. E também nenhum candidato às eleições legislativas ali apareceu “ao vivo e a cores”, como sublinha Patrocínia Lourenço, de 81 anos.

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Patrocínia tem 81 anos, não sabe ler nem escrever e conta que é filha de um tempo em que “a professora punha sal numa régua e batia-lhe”. Passou a vida a cortar pinhos com o serrote na mão e, hoje, descansa no café da aldeia, onde o comentário político é inevitável.

“Só passavam aqui se precisassem de nós. Não passam porque têm medo de nós. Não ligam aos pobres, aos pelintras. Aqui é tudo doente. O Luís Montenegro, que é o que está agora como primeiro-ministro, nunca o vi nem preto nem branco”, ironiza Patrocínia.

“Talvez se me lá metesse a mim, era capaz de passar. Não sei ler, nem sei nada. Entrava logo para enganar as pessoas”, remata.

“Não vêm cá para não serem criticados”

A ausência dos líderes partidários também é notada por Patrício Fonseca, de 58 anos, que oferece uma possível explicação. “Então é normal que eles não venham aqui, porque isto ardeu tudo. Eles só quando ardeu, é que chegaram aqui e fizeram promessas que iam reflorestar novamente as serras todas. Praticamente ficámos sem nada, e agora não vêm cá para não serem criticados”, lamenta.

E conclui: “Nós estamos esquecidos, só somos lembrados quando neva na Serra da Estrela. Ainda não vi ninguém por aqui, nenhum deles, nem Mariana Mortágua, nem nada. Não temos partido nenhum aí à frente.”

Florbela Rabaça, de 54 anos, também vive na aldeia e diz não se importar com a ausência dos candidatos, mas sim com as condições de vida: “Sabe o que é que fazia falta? Fazia falta médicos. Não temos médicos, não temos nada, temos Centro de Saúde fechado. Não vou dizer por quem vou votar, mas sentimo-nos muito esquecidos.”

O voto é secreto, mas em Vale de Amoreira, os habitantes sabem que a televisão não chega para esclarecer as diferenças entre os candidatos.

“Em lá estando, são todos iguais. Nenhum me chama a atenção”, conclui Florbela.


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