
Trabalho sob efeito do álcool: livro alerta para consumos excessivos entre trabalhadores
O Instituto para os Comportamentos Aditivos (ICAD) lança esta sexta-feira um livro para ajudar os empresários a lidar com as dependências e os consumos excessivos nos locais de trabalho.
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Portugal tem um elevado consumo de álcool per capita, e a situação tem vindo a agravar-se, em particular entre os trabalhadores.
“Encontrámos um padrão de consumo abusivo de álcool na população empregada superior ao da população geral, e esse foi o sinal de alarme”, disse à Renascença Carlos Cleto, técnico superior da Unidade de Prevenção e Promoção da Saúde e responsável pela coordenação do livro.
Para além do álcool, outra preocupação “prende-se com a utilização de medicação não receitada por parte dos trabalhadores, à semelhança, de resto, do que acontece na população em geral, que regista um consumo elevadíssimo de medicamentos não prescritos”.
Foi a partir destas preocupações que surgiu o livro “Orientações para a Intervenção em Comportamentos Aditivos nos Locais de Trabalho”. Trata-se de um documento que sistematiza informações e práticas de atuação em contexto laboral, abordando preocupações e sensibilidades específicas deste ambiente. O livro oferece ainda um referencial técnico-legal para responder a situações relacionadas com comportamentos aditivos e dependências.
Apesar de os números serem alarmantes, são poucas as empresas que apostam em programas de prevenção de consumos.
“Nesta altura, o ICAD está a trabalhar com cerca de uma dezena de empresas e cerca de cinco dezenas de autarquias”, afirma Carlos Cleto. “Seria muito importante alargar estes projetos de promoção da saúde e prevenção dos consumos ao maior número possível de empresas públicas e privadas, bem como às estruturas da administração pública”.
A obra sublinha a importância de uma abordagem preventiva e integradora, em detrimento de medidas meramente reativas ou punitivas.
Quando são detetados consumos abusivos, os empresários podem recorrer ao ICAD. Carlos Cleto sublinha que “os empregadores podem contactar-nos no sentido de desenvolverem programas de promoção da saúde no local de trabalho e prevenção de consumos aditivos. A tudo isso também juntamos acompanhamento terapêutico”.
De acordo com o mais recente estudo do ICAD sobre consumo de álcool, os portugueses começam a consumir mais cedo, registam-se mais consumos de risco e agravou-se a tendência de dependência, que quase quadruplicou em dez anos. Os agravamentos foram transversais à maioria dos grupos etários, embora mais expressivos no consumo de risco elevado entre os 15 e os 34 anos e, no caso da dependência, entre os 35 e os 54 anos.
Em 2023, venderam-se em Portugal Continental cerca de 612,5 milhões de litros de cerveja, 42 milhões de litros de outras bebidas fermentadas, 17,3 milhões de litros de produtos intermédios e 10 milhões de litros de bebidas espirituosas.
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