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O sensor não invasivo mede a pressão intracraniana com mais precisão, ajudando a intervenção precoce

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A tecnologia brasileira mede a pressão intracraniana com mais precisão e não invasiva

A tecnologia consiste em um sensor colocado na cabeça do paciente que registra as expansões nanométricas do crânio em cada ciclo cardíaco e gera, em tempo real, uma onda que indica as variações de volume e pressão intracraniana. Crédito: Brain4Care

Uma tecnologia desenvolvida pela empresa brasileira Brain4Care demonstrou ser capaz de medir valores absolutos de pressão intracraniana (ICP) com mais precisão do que os métodos não invasivos existentes. Este é o resultado de um estudo publicado na revista NPJ Medicina Digital por pesquisadores da Universidade de São Paulo no Brasil, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, a Universidade Emory nos Estados Unidos e a própria empresa.

“O estudo incluiu o maior número de pacientes e mostrou que a tecnologia que desenvolvemos teve o menor erro ao estimar o valor da pressão intracraniana entre todos os métodos não invasivos já disponíveis no mundo”, disse Gustavo Frigieri, diretor científico do Brain4Care e um dos autores do estudo, disse Agênia Fapepp.

A tecnologia desenvolvida pela empresa brasileira consiste em um sensor colocado na cabeça do paciente que registra as expansões nanométricas do crânio em cada ciclo cardíaco e gera, em tempo real, uma onda que indica as variações de volume e pressão intracraniana. Os dados obtidos são processados ​​por uma plataforma de inteligência artificial que gera relatórios para ajudar os médicos a tomar decisões.

Segundo Frigieri, a diferença na solução desenvolvida pelo Brain4Care é a maneira como analisa a ICP, que possui três componentes básicos: o valor numérico, a tendência (para cima ou para baixo) e a morfologia do pulso. Em vez de se concentrar no valor numérico, como os métodos tradicionais, ele avalia a morfologia do pulso – ou seja, a maneira como ele se comporta ao longo do tempo. Essa abordagem possibilita a identificação de alterações antes que elas se manifestem nos valores numéricos da pressão.

“Esse entendimento foi consolidado em todo o mundo”, diz Frigieri. “O ICP invasivo é reativo e o Brain4Care é proativo porque nos permite agir com antecedência. Ainda assim, os médicos estão acostumados com o número, que chega tarde, o que significa que eles apenas agem quando há mudanças no paciente. Nossa tecnologia já fornece a morfologia e a tendência do ICP e está avançando para mostrar o número absoluto”.

Ao desenvolver o sistema, os pesquisadores da empresa também traduziram o pulso do ICP em números. “Mostramos ao médico a situação do paciente para que ele possa decidir como proceder. Nos artigos que publicamos, mostramos que o pulso é muito importante e que faz a mesma coisa que uma medição invasiva do ICP, mas de uma maneira não invasiva. Permite ao médico ver se o paciente está ficando pior ou melhor com base na tendência”.

Com o sistema, os médicos podem detectar mudanças neurológicas precocemente e intervir com mais rapidez e precisão, o que pode significar a diferença entre vida e morte em casos críticos. “Quanto mais um paciente neurocrítico fica sem cuidado, maior o risco de sequelas”, ressalta. “Forneço o sensor e treino o profissional para tomar decisões de tratamento e obter o melhor resultado”.

Eficácia comprovada

A eficácia do método Brain4Care foi comprovada em mais de cem artigos científicos publicados. O novo estudo recrutou pacientes do Brasil, Estados Unidos e Europa. “Aceleramos o processo de coleta dessas informações e hoje temos um banco de dados muito interessante de pacientes com ICP invasiva e não invasiva. Usando um modelo de aprendizado de máquina, conseguimos estimar o valor do ICP nesses pacientes”, explica ele.

“Conseguimos obter um erro de 3 milímetros de mercúrio [the means by which ICP is usually measured] em mais de cem pacientes. Muitos pesquisadores estão procurando maneiras não invasivas de medir a ICP, mas as técnicas usadas têm um erro muito grande, o que torna o sistema não ideal para uso clínico “.

Tendo provado no laboratório que é possível fazer a estimativa, Frigieri continua trabalhando para obter evidências robustas. “Atualmente, tenho 168 pacientes no banco de dados e já reduzi o erro a 2,6 mm de mercúrio”.

O objetivo é consolidar o modelo ainda este ano para demonstrar no campo que, além de morfologia e tendência, o Brain4Care pode fornecer o número que os médicos estão procurando. “Já mostramos que é possível derivar o ICP da morfologia de uma maneira completamente não invasiva. O próximo passo é tornar isso uma realidade para o mercado”.

Para Frigieri, qualquer paciente com neurocirurgia em risco de sangramento pode se beneficiar do método. Isso ocorre porque quando eles estão em uma unidade de terapia intensiva (UTI), sedada e ventilada, não é possível ver seus sintomas e o médico geralmente age quase cegamente: por exemplo, ele realiza uma tomografia computadorizada após a operação e a repete após 24 horas. “Nesses casos, você pode usar o Brain4Care a cada duas horas e, se as coisas piorarem, adicione uma tomografia computadorizada para ver o que aconteceu com mais detalhes”.

Essa versatilidade é uma das vantagens do dispositivo. Pode ser usado em ambientes diferentes da UTI, como clínicas médicas, clínicas ambulatoriais e departamentos de emergência. Isso expande bastante o acesso ao monitoramento do ICP. O diagnóstico e o tratamento rápido são críticos nos casos de trauma na cabeça, onde cada minuto conta para preservar a função cerebral.

Segundo ele, o Brain4Care é fácil de usar e não requer treinamento complexo: “Ele pode ser adaptado ao cenário. Por exemplo, se você precisar verificar se o paciente tem hipertensão intracraniana, 5 a 10 minutos de uso podem ser suficientes”, explica Frigieri. “Um paciente mais instável, por outro lado, pode usar o dispositivo por uma hora ou duas para monitoramento mais longo”.

Equipamento portátil

Segundo o pesquisador, com o método invasivo de monitoramento do ICP, é necessário levar o paciente à sala de operações para colocar o dispositivo. O Brain4Care, por outro lado, pode ser levado para qualquer lugar. “Eu sempre digo que não substituiremos o ICP invasivo, mas poderemos determinar quem realmente precisa. Queremos garantir que a maioria dos pacientes seja tratada antes de se tornarem críticos, mas que aqueles que precisam desse tipo de intervenção podem recebê -lo com segurança. Ao mesmo tempo, isso ajudará a otimizar o uso de recursos”.

Atualmente, o Brain4Care está presente em mais de 85 instituições no Brasil, desde os principais hospitais de São Paulo até pequenos hospitais de caridade em áreas rurais. Essa ampla distribuição demonstra a adaptabilidade do sistema a diferentes contextos e necessidades. Ao mesmo tempo, a empresa está se expandindo internacionalmente, com operações nos Estados Unidos desde 2018 e marketing formal desde outubro passado.

“Fizemos o outro lado: estamos exportando tecnologia médica em todo o mundo. Temos uma empresa nos Estados Unidos que é uma subsidiária e distribuidora, mas toda a inteligência e produção são brasileiras”, diz Frigieri.

A tecnologia já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância da Saúde (ANVISA), pelo órgão regulador para terapias, tecnologias e medicamentos médicos no Brasil e pela Food and Drug Administration (FDA), seu colega nos Estados Unidos. Além disso, já permitiu que 128 estudos científicos fossem realizados (alguns concluídos e outros ainda em andamento).

Como não é invasivo, o método permite estudos que não seriam possíveis com as técnicas tradicionais, contribuindo para o avanço do conhecimento em vários campos da medicina. Esse recurso atraiu pesquisadores de diferentes especialidades, que usam os dados obtidos pelo Brain4Care em outras investigações científicas. “Anteriormente, essas informações não estavam disponíveis para uso científico. A chegada do Brain4Care abriu oportunidades para o desenvolvimento do conhecimento”.

Mais informações:
Gustavo Frigieri et al., Abordagem de aprendizado de máquina para estimativa de pressão intracraniana não invasiva usando formas de onda de expansão craniana pulsátil, NPJ Medicina Digital (2025). Doi: 10.1038/s41746-025-01463-y

Citação: O sensor não invasivo mede a pressão intracraniana com mais precisão, ajudando a intervenção precoce (2025, 13 de março) recuperada em 14 de março de 2025 de https://medicalxpress.com/news/2025-03-invasive-sensor-intracranial-pressure-cursure.html

Este documento está sujeito a direitos autorais. Além de qualquer negociação justa para fins de estudo ou pesquisa particular, nenhuma parte pode ser reproduzida sem a permissão por escrito. O conteúdo é fornecido apenas para fins de informação.

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