Uso recreativo de drogas está associado a eventos cardiovasculares recorrentes

O uso recreativo de drogas está associado a um risco triplicado de um evento cardiovascular grave recorrente dentro de um ano de hospitalização, de acordo com um estudo apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia de 2024, realizado de 30 de agosto a 2 de setembro em Londres.

Raphaël Mirailles, MD, do Hospital Lariboisiere em Paris, e colegas avaliaram o impacto prognóstico do uso de drogas recreativas um ano após a hospitalização para prever eventos cardiovasculares e cerebrovasculares adversos maiores (MACCE). A análise incluiu 1.392 pacientes admitidos em unidades de terapia intensiva cardíaca em 39 centros franceses ao longo de duas semanas em abril de 2021 e acompanhados por um ano.

Os pesquisadores descobriram que 11% dos pacientes tiveram um teste positivo inicial para uso de drogas recreativas. Especificamente, a cannabis foi identificada em 9,8%, heroína e outros opioides em 2,3%, cocaína em 1,7%, anfetaminas em 0,6% e 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) em 0,6%. Dos que testaram positivo, mais de um quarto dos pacientes testaram positivo para duas ou mais drogas (28,7%). Em um ano, 7% dos pacientes apresentaram MACCE; esse número foi significativamente maior entre pacientes com testes positivos para drogas em comparação com não usuários (13 versus 6%). Esse risco triplicou ao ajustar para idade, sexo, diabetes, tabagismo atual, histórico de doença cardiovascular antes da hospitalização, doença renal crônica conhecida, histórico de câncer, diagnóstico principal de admissão, pressão arterial sistólica basal e frequência cardíaca basal. Foram observadas associações significativas para MDMA (risco 4,1 vezes maior), heroína e outros opioides (3,6 vezes) e cannabis (1,8 vezes) com eventos cardiovasculares graves.

“Apesar da alta taxa de subnotificação do uso de drogas recreativas, a triagem sistemática não é recomendada pelas diretrizes atuais”, disse Mirailles em uma declaração. “Pode melhorar a estratificação de risco dos pacientes e o atendimento personalizado para favorecer a retirada da droga. Portanto, a triagem sistêmica deve ser considerada em terapia intensiva.”

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