OMS quer reforço da vigilância da gripe aviária

A Organização Mundial da Saúde instou na quinta-feira os países a intensificarem a vigilância da gripe aviária depois que o primeiro caso foi detectado em uma criança nos Estados Unidos.

Um número pequeno, mas crescente, de infecções por influenza aviária H5N1 foi detectado em humanos em todo o mundo nos últimos anos, disse a diretora de preparação e prevenção contra epidemias e pandemias da OMS, Maria Van Kerkhove, em entrevista coletiva.

“O que realmente precisamos globalmente, nos EUA e no exterior, é uma vigilância muito mais forte em animais: em aves selvagens, em aves, em animais que são conhecidos por serem suscetíveis à infecção, o que inclui suínos, que incluem gado leiteiro, para melhor compreender a circulação nesses animais”, disse ela.

O H5N1 surgiu pela primeira vez em 1996, mas desde 2020 o número de surtos em aves cresceu exponencialmente, juntamente com um aumento no número de mamíferos infectados.

A estirpe levou à morte de dezenas de milhões de aves de capoeira, com aves selvagens e mamíferos terrestres e marinhos também infectados.

Os casos humanos registados na Europa e nos Estados Unidos desde o surgimento do vírus têm sido em grande parte ligeiros.

Em março, foram detectadas infecções em vários rebanhos leiteiros nos Estados Unidos.

As autoridades de saúde dos EUA acreditam que o risco para o público em geral é baixo – embora mais elevado para aqueles que trabalham diretamente com animais de criação, incluindo aves, gado leiteiro e muito mais.

Na sexta-feira passada, as autoridades dos EUA disseram que uma criança na Califórnia se tornou a primeira nos Estados Unidos a testar positivo para infecção por gripe aviária. As autoridades de saúde ofereceram exames e tratamento preventivo aos contatos expostos na creche da criança.

A criança apresentou sintomas leves e estaria se recuperando em casa após tratamento com antivirais contra gripe.

“Incluindo este caso mais recente, 55 casos humanos de gripe aviária H5 foram relatados nos Estados Unidos durante 2024, com 29 na Califórnia”, disseram os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Van Kerkhove disse que todos, exceto dois, tiveram exposição conhecida a animais infectados.

“Não vimos evidências de infecção entre humanos. Mas, novamente, para cada um desses casos detectados em humanos, queremos que seja realizada uma investigação muito completa”, disse ela.

“Precisamos de esforços muito mais fortes em termos de redução do risco de infecção entre animais, novas espécies e humanos”, acrescentou, nomeadamente através de testes e equipamento de protecção adequado.

Van Kerkhove, que foi o líder técnico da OMS para a COVID-19, sublinhou a importância de nos prepararmos “para quando ou se estaremos numa situação em que estamos numa pandemia de gripe”.

“Ainda não estamos nessa situação, mas precisamos de mais vigilância.”

© 2024 AFP