Imunoterapia mostra-se promissora para homens com tipos específicos de câncer de próstata

Uma nova pesquisa mostrou que a imunoterapia pode ser eficaz no tratamento do câncer de próstata em homens selecionados com base nas características genéticas de seus tumores.

Em um estudo conduzido no centro médico da universidade de Radboud, foi descoberto que para alguns homens com um tipo genético particular de câncer de próstata, a progressão da doença foi desacelerada em 33 meses. As descobertas do estudo foram publicadas no Anais de Oncologia.

Embora a imunoterapia não tenha sido amplamente bem-sucedida para todos os homens com câncer de próstata, um exame mais detalhado dos estudos existentes sugere que ela pode ser altamente eficaz para certos pacientes.

De acordo com o oncologista Niven Mehra, do Radboudumc, “Descobrimos que homens que responderam bem à imunoterapia tinham erros específicos de DNA em seus tumores. Essas anormalidades genéticas causam alterações proteicas que ativam o sistema imunológico, tornando a imunoterapia mais eficaz.”

Com base nessas descobertas, Mehra e sua equipe conduziram um estudo para testar a eficácia da imunoterapia em um grupo de homens cujo câncer de próstata era caracterizado por subtipos genéticos específicos. O estudo teve como alvo quatro subtipos diferentes de DNA — MMRd, hTMB, BRCAm e CDK12i — encontrados em cerca de 15% de todos os casos de câncer de próstata. Um total de 69 homens receberam uma combinação de dois tipos de imunoterapia, ipilimumab e nivolumab, como parte do estudo.

Retardando a doença

O estudo descobriu que a imunoterapia dupla retardou a progressão do câncer de próstata em pacientes selecionados em quatro meses. A resposta mais notável foi observada em pacientes com a mutação MMRd, onde o câncer foi retardado em 33 meses. Em alguns casos, isso variou de estabilizar a doença a reduzi-la a tal ponto que não era mais detectável no sangue ou visível em exames. No momento da publicação, o câncer permanecia sob controle em vinte pacientes.

Este estudo não comparou diretamente a imunoterapia dupla com tratamentos padrão, como terapia hormonal ou quimioterapia. No entanto, sabe-se que a imunoterapia única para pacientes com MMRd geralmente mantém a doença sob controle por cerca de oito meses, em comparação com 33 meses com a terapia dupla testada neste estudo.

Como todos os tratamentos, a imunoterapia pode causar efeitos colaterais. Quase metade dos homens no estudo apresentaram efeitos colaterais, como diarreia, e cerca de vinte por cento dos pacientes descontinuaram o tratamento devido a esses efeitos.

Triagem precoce

A imunoterapia é mais eficaz no câncer de próstata com MMRd, encontrado em 4–5% dos pacientes. “Não é um grupo grande, mas para esses pacientes, a imunoterapia pode retardar significativamente a progressão do câncer de próstata”, diz a cientista clínica Sandra van Wilpe. “Vemos que com a imunoterapia, o câncer permanece controlado por 33 meses, o que é um resultado notável.”

Para identificar homens com mutações genéticas, Mehra defende o diagnóstico genômico no início da doença, uma prática já em vigor no Radboudumc.

Mehra explica, “Com base em nossos resultados, para homens com MMRd, pode ser benéfico considerar iniciar a imunoterapia antes mesmo da terapia hormonal ou quimioterapia. Então você precisa examinar o DNA do tumor no início do processo da doença. Potencialmente, poderíamos curar esses homens com câncer de próstata metastático MMRd, embora mais pesquisas sejam necessárias.”