Nova técnica detecta novos biomarcadores para doenças renais com síndrome nefrótica
Um estudo, apresentado no 61º Congresso da ERA, revelou um avanço significativo no diagnóstico e monitoramento de doenças renais associadas à síndrome nefrótica. O estudo também está publicado no Jornal de Medicina da Nova Inglaterra.
Usando uma técnica híbrida, os pesquisadores identificaram autoanticorpos antinefrina como um biomarcador confiável para rastrear a progressão da doença, abrindo novos caminhos para abordagens de tratamento personalizadas.
A síndrome nefrótica, caracterizada por níveis elevados de proteína na urina, está associada a doenças renais, como doença de lesão mínima (DLM), glomeruloesclerose segmentar focal primária (GESF) e nefropatia membranosa (MN). A principal causa da síndrome nefrótica é o dano aos podócitos, células responsáveis pela filtragem dos rins, que permitem o vazamento de proteínas na urina.
Crianças diagnosticadas com MCD ou GESF geralmente recebem um diagnóstico de síndrome nefrótica idiopática (INS), onde a causa da síndrome nefrótica é desconhecida. Isso ocorre frequentemente porque crianças com altos níveis de proteína na urina raramente são submetidas a uma biópsia renal, que é como a causa normalmente é determinada.
Tradicionalmente, o diagnóstico dessas condições tem apresentado desafios devido à sobreposição de características histológicas e à hesitação em realizar biópsias renais invasivas, principalmente em crianças. Embora autoanticorpos antinefrina tenham sido observados em certos pacientes com MCD e GESF, seu papel preciso no avanço dessas doenças não é totalmente compreendido.
O estudo, realizado na Europa e nos EUA, introduziu uma nova abordagem que combina imunoprecipitação com ensaio imunoenzimático (ELISA) para detectar de forma confiável autoanticorpos anti-nefrina.
Os resultados revelaram que os autoanticorpos antinefrina eram prevalentes em 69% dos adultos com MCD e em 90% das crianças com INS que não haviam sido tratadas com medicamentos imunossupressores. É importante ressaltar que os níveis destes autoanticorpos correlacionaram-se com a atividade da doença, sugerindo o seu potencial como biomarcador para monitorar a progressão da doença. Os anticorpos também foram raramente observados nas outras doenças examinadas.
Para investigar melhor o impacto da imunização com nefrina na função e doença renal, os pesquisadores administraram proteína nefrina produzida em laboratório em camundongos, criando uma condição semelhante à MCD nos camundongos. A imunização levou à fosforilação da nefrina e a alterações notáveis na estrutura celular, indicando o envolvimento de anticorpos direcionados à nefrina no mau funcionamento dos podócitos e na síndrome nefrótica.
Notavelmente, ao contrário de outros modelos que necessitam de múltiplas imunizações, este modelo induziu rápida manifestação da doença com uma única imunização, mesmo em baixas concentrações de anticorpos.
Dr. Nicola M. Tomas, coautor principal do estudo, comentou: “A identificação de autoanticorpos antinefrina como um biomarcador confiável, juntamente com nossa técnica de imunoprecipitação híbrida, melhora nossas capacidades de diagnóstico e abre novos caminhos para monitorar de perto a progressão da doença em distúrbios renais com síndrome nefrótica.”
O professor Tobias B. Huber, principal autor do estudo, acrescentou: “Ao fornecer informações sobre os mecanismos subjacentes, estas descobertas estabelecem as bases para intervenções personalizadas e abrem o caminho para uma nova era de medicina de precisão para estas condições complexas”.
Mais Informações:
Tobias B. Huber et al, Autoanticorpos direcionados à nefrina em podocitopatias, Jornal de Medicina da Nova Inglaterra (2024).
Fornecido pela Associação Renal Europeia
Citação: Nova técnica detecta novos biomarcadores para doenças renais com síndrome nefrótica (2024, 25 de maio) recuperada em 25 de maio de 2024 em https://medicalxpress.com/news/2024-05-technique-biomarkers-kidney-diseases-nephrotic.html
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