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Xavier Barreto: “Quero acreditar que o Governo tem essa intenção sincera de rever a nossa carreira”

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Os administradores hospitalares endereçaram um pedido de reunião urgente à ministra da Saúde, e Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), disse hoje ao HealthNews que a prioridade é “discutir a questão da carreira e, depois, discutir um conjunto de medidas distribuído em três grandes dimensões: governação, acesso e sustentabilidade”.

Xavier Barreto garante que os administradores hospitalares têm muitos contributos para dar ao Governo, “e esperamos que estejam disponíveis para reunir connosco”, acrescenta.

O tema “absolutamente central e prioritário” é a revisão da carreira. “Num período em que se fala tanto de carreiras e de valorização das carreiras da administração pública, em concreto no setor da saúde, não podemos aceitar que nenhuma outra situação seja mais prioritária do que a nossa. Repare, a nossa carreira está por rever há mais de 20 anos”, vinca o presidente da APAH.

Xavier Barreto reconhece a legitimidade das reivindicações dos restantes grupos do setor – “acho que devem ser atendidos”, ressalva –, mas reafirma que a situação dos administradores hospitalares “não é menos prioritária do que qualquer outra”. “Portanto, esse é o tema principal deste nosso pedido urgente de reunião: é que, no fundo, o novo Governo assuma um compromisso claro em relação à revisão da nossa carreira. Isso estava plasmado no programa da Aliança Democrática, e, portanto, eu quero acreditar que sim, quero acreditar que o Governo tem essa intenção sincera de rever a nossa carreira”, aponta Xavier Barreto.

Não é uma “mera questão corporativa”: “se tivermos administradores hospitalares mais capacitados, com uma carreira mais digna, com objetivos definidos, isso certamente que se traduzirá em hospitais mais bem geridos”. Trata-se de “um pedido que é feito em benefício do Serviço Nacional de Saúde, principalmente, e é muito importante que a nova equipa ministerial entenda esta questão”.

Xavier Barreto esclareceu-nos sobre as prioridades elencadas num documento enviado hoje ao HealthNews e outrora apresentadas à Aliança Democrática: “em janeiro procurámos influenciar os programas, e agora procuramos também influenciar o programa do Governo, dentro daquilo que consideramos ser o melhor para o Serviço Nacional de Saúde”.

A APAH entende que é preciso melhorar o sistema de governação do SNS, e Xavier Barreto destaca a autonomia dos hospitais: “Diria que o mais importante [neste tema] é a questão da autonomia dos hospitais, dos gestores hospitalares, dos conselhos de administração, para fazer contratações, para fazer investimento. Nós acreditamos que os hospitais devem ter autonomia”, sendo que “também devem ser responsabilizados pelos resultados que obtiverem”.

A segunda questão é o acesso. Para a APAH, é necessário “repensar os nossos percursos”, “repensar a forma como atendemos os nossos doentes” e “discutir as tarefas de cada grupo profissional”. “Nós temos que melhorar o acesso dos nossos doentes à consulta, às cirurgias (temos ainda cerca de 30% dos doentes a serem atendidos fora do tempo adequado), e aqui, claramente, apostamos em repensar o percurso dos nossos doentes, integrar novas entidades no percurso, sejam as farmácias, o setor social, municípios. Há um conjunto de entidades que podem contribuir com novas respostas para os doentes”, segundo Xavier Barreto.

Por exemplo, “poderíamos criar um programa, como está a ser criado noutros países, de atendimento de doentes crónicos ou, até, de doentes agudos nas farmácias portuguesas, com protocolos pré-aprovados, doentes específicos, libertando os hospitais desses doentes”.

A APAH considera que profissionais como os enfermeiros, os fisioterapeutas ou os psicólogos “podem oferecer respostas de primeira linha aos nossos doentes”, não tendo que “esperar por uma referenciação médica”. Estes e outros grupos profissionais “podem adquirir novas tarefas”; “tarefas avançadas, como já existe em muitos outros países”. “Uma consulta de enfermagem, por exemplo, pode fazer o acompanhamento de doentes crónicos”, diz Xavier Barreto.

“Por último, e como terceiro tema – portanto, o primeiro é a governação, o segundo é o acesso e o terceiro é a sustentabilidade –, eu destacaria a questão do valor em saúde. É muito importante que o Serviço Nacional de Saúde tenha uma estratégia para a medição do valor dos novos fármacos, dos novos dispositivos; o valor que esses novos fármacos e dispositivos acrescentam à vida dos nossos doentes, porque só dessa forma vamos saber se estamos a comprar bem ou mal, só dessa forma vamos poder fazer acordos de partilha de risco com os nossos fornecedores, associando o custo ao resultado”, conclui Xavier Barreto.

HN/Rita Antunes

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