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Quem é Ana Paula Martins, a nova ministra da Saúde que cita Churchill e procura consensos?

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Nova ministra da Saúde pediu inquérito que revelou cunha no caso das gémeas quando estava como presidente do Conselho de Administração do Santa Maria
Quando fala, gosta de citar grandes nomes. E quando lhe perguntam a frase favorita não hesita: “A coragem é a maior das virtudes… todas as outras dependem dela”, Winston Churchill. Ana Paula Martins, 58 anos, é a nova ministra da Saúde. Social-democrata há 22 anos, esteve recentemente a liderar o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024, onde lhe caiu nas mãos a polémica do tratamento feito às duas gémeas uns anos antes. Foi ela quem ordenou a realização de um inquérito interno que acabou por revelar a “cunha” na marcação da primeira consulta que acabou por dar acesso ao tratamento com o medicamento mais caro do mundo.

No início deste ano, Ana Paula Martins decidiu, porém, deixar o cargo de presidente do Conselho de Administração do Santa Maria e dedicou-se a ajudar Luís Montenegro e o PSD na área da saúde. Foi, aliás, na convenção da AD, com o discurso que fez – elogiado por muitos – que chamou ainda mais a atenção e mostrou ser uma forte concorrente ao lugar de ministra da Saúde. Esta quinta-feira o país ficou a saber que o lugar era mesmo seu.

Publicamente, nos últimos tempos, já fez saber que os gestores dos hospitais públicos têm de saber fazer o que os gestores fazem no privado, que é preciso regressar a contratualizar com o setor social, em especial nos cuidados continuados, e que se deve apostar nas parcerias público-privadas, uma vez que tem dito que” os relatórios evidenciam que estas PPP na saúde foram globalmente muito positivas”. Em declarações públicas adiantou que o Governo da AD quer mexer na flexibilidade horária, alterar o tempo laboral dos médicos e insistir na criação da especialidade de Medicina de Urgência.

Para muitos o seu nome era certo na pasta da Saúde, mas várias fontes dão conta de que dentro do PSD ocorrerem algumas batalhas de poder pelo lugar.

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Ana Paula Mecheiro de Almeida Martins Silvestre Correia nasceu na Guiné-Bissau, onde o pai trabalhava como farmacêutico e a mãe, também farmacêutica, era na altura professora primária. Veio para Portugal com oito anos onde ficou a viver desde então. A aérea da farmácia é uma herança familiar. Além dos pais, também os avós eram farmacêuticos; e ela seguiu-lhes as pisadas. Formou-se na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa em 1990. Mas nunca teve uma farmácia sua. Quando lhe perguntam explica que nunca teve dinheiro para tal. Mas trabalhou como estagiária numa farmácia durante um tempo. Especializou-se em epidemiologia na Faculdade de Ciências Médica, em 1995, e depois tirou o doutoramento em farmácia clínica na Faculdade de Farmácia de Lisboa, em maio de 2005. Nesse mesmo ano, começou a dar aulas como professora auxiliar. E nunca mais largou os corredores universitários, garantindo sempre aos mais próximos que “adora aprender com os alunos”. Foi a dar aulas na Faculdade de Farmácia que conheceu Odete Santos Ferreira, a investigadora que foi pioneira na luta contra a Sida. Aos mais próximos não esconde que um dos seus sonhos é criar uma instituição com o nome de Santos Ferreira.

É casada com um militar e tem dois filhos. E esta não é a sua primeira experiência num Executivo. Já esteve num Governo de Cavaco Silva como adjunta de António Couto dos Santos, Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares entre 1992-1993 e Adjunta do Ministro da Educação em 1993 e 1994. É discreta e por isso poucos sabem da sua carreira política, que recentemente até a colocou no lugar de vice-presidente do partido, entre dezembro de 2021 e junho de 2022, quando Rui Rio era líder do PSD.

Gosta de consensos e por isso tem amigos próximos do PS, como Maria de Belém, a antiga ministra da Saúde socialista ou José António Seguro. Dentro do PSD conseguiu, depois de estar com Rui Rio, ser uma forte aliada de Montenegro – com quem terá ido falar antes de aceitar o cargo no Hospital de Santa Maria, convidada pelo então ministro socialista Manuel Pizarro e por Fernando Araújo, diretor executivo do SNS, de quem também era próxima.

Quem trabalhou com ela garante que é uma pessoa pacífica e nada conflituosa, mas às vezes demasiado preocupada com consensos.

Foi bastonária dos Farmacêuticos entre fevereiro de 2016 e fevereiro de 2022 e trabalhou em alguns laboratórios farmacêuticos.

Nos tempos livres gosta de ler, viajar e não resiste a um animal abandonado. Já acolheu cães e gatos, contam os amigos. Nos tempos em que esteve a liderar o Santa Maria decidiu dar-se como voluntária e trabalhou nas urgências. Durante muito tempo não acreditou que fosse o nome escolhido para a pasta da Saúde e só depois de Marcelo Rebelo de Sousa aprovar, realizou.

Fonte:  CNN

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